segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Os Engenhos de Brejo Grande

Constam nos arquivos históricos de nossa terra que mesmo depois da proibição do tráfico negreiro, em 1851, entraram pelo Rio São Francisco aproximadamente 400 escravos. Como desde 1820 a economia desta região baseava-se no cultivo extenso da cana-de-açúcar sendo a exploração fundamentada no trabalho escravo e na monocultura, desenvolvendo assim uma sociedade desigual marcada pela concentração do poder da minoria.
Em 1854, segundo estatística da população livre e escrava da província de Sergipe, a região brejo-grandense era onde se concentrava o maior número de escravos, chegando a ter uma média superior a 20% das demais delegacias da comarca de Vila Nova, a atual Neópolis, possuindo uma média maior em relação à província.

Porcentagem dos escravos no ano de 1854 na região do Baixo São Francisco:
Brejo Grande 30%
Vila Nova 09%
Porto da Folha 11%
Propriá 12%

O “Rio das Borboletas”, o então São Francisco, sempre esteve presente na história de Brejo Grande, mas, apesar desse fator, o município teve uma economia baseada no trabalho escravo, chegando a ter mais de 20 engenhos.
A grande atividade econômica inicial era o cultivo da cana de açúcar. Entre 1815 e 1825 havia em Brejo Grande nove engenhos que fabricavam açúcar e cachaça. Como o café e a cana de açúcar eram a base da economia do país naquela época, o número de engenhos cresceu desordenadamente no município de Brejo Grande. A seguir, descreveremos seus respectivos nomes e proprietários:
  • Engenho Canto Escuro: Construído por Dr. Enéas Ferreira ao lado de sua casa, ganhando esse nome por causa das nuvens de cor cinza que se formavam sempre naquela região;
  • Engenho Alto dos Pinheiros: Construído por Antônio Ferreira, o maior latifundiário da época, que depois de dar um golpe baixo em seus compatriotas adquiriu quase toda a terra do município. Esse homem tinha três filhas e era costume dar a cada uma delas como dote, após casá-la, certa quantidade de terra com um engenho e seus escravos;
  • Engenho Capivara: Construído por Alfredo Martins;
  • Engenho Bandarra: Construído por João Alves Tojal;
  • Engenho Paraúna: Este situado próximo ao porto histórico do canal das Paraúnas, originando assim o nome do engenho. Era de propriedade de Manoel Machado de Lemos;
  • Engenho Alto dos Oitizeiros: Construído pelas famílias Cavalcante e Carvalho é também conhecido como Boa Vista;
  • Engenho Taquareira: Era situado à margem direita do Rio São Francisco antes de chegar ao povoado Resina, sendo de propriedade de Epunima de Góes Tojal;
  • Engenho Samambaia: Este foi construído separado da “casa grande” por um riacho, sendo interligado por uma ponte;
  • Engenho Ilha do Algodão: Tendo como proprietário Manoel Ferreira;
  • Engenho Saco: Construído pela família Leite e Serra;
  • Engenho dos Queimados: Sem registro histórico, como quase todos os outros;
  • Engenho Mundo Novo: Localizado à margem direita do Rio São Francisco;
  • Engenho Coitezinho: Situado à margem direita do Rio São Francisco; foi construído por Adolfo Izaias;
  • Engenho Alto das Cajazeiras: Construído pela família Melício, próximo ao porto central onde tudo entrava e saía. Era também denominado Engenho da Cruz, hoje estaria localizado perto da feira e do posto de saúde.
  • Engenho Santa Cruz: Construído pelo Dr. Manoel de Lemos Souza Machado, que mais tarde foi sepultado na capela deste engenho;
  • Engenho Cajuhype: Construído por Manoel de Lemos Souza Machado, depois habitado pelo Padre Zeca e agora por seu filho, o médico Benito da Silva. Foi o último dos engenhos a parar de funcionar, isso porque, depois da abolição, passou a funcionar como alambique;
  • Engenho Mata-Boi e Engenho Papa-Ovelha: Ambos citados por Jorge de Lima em seu poema “Rio São Francisco”;
  • Engenho Conceição: Pertencia a Francisco Alves Tojal;
  • Engenho Brejo Grande: Construído por Antônio Ferreira;
  • Engenho Pipiri e Engenho Mangabeira: Ambos situados um pouco distantes do rio e até mesmo dos riachos, rompendo assim o ponto estratégico que era usado em todos os demais engenhos que tinha como referência o Rio São Francisco e seus afluentes;
  • Engenho Santa Adelaide: Construído por João Alves Tojal;
  • Engenho São Rafael: Construído por Pedro Martins de Góes.
Sede do antigo Engenho Cajuhype
Máquina que funcionava a vapor. Chegou ao
engenho cajuhype 15 anos antes da abolição.


Antigo Engenho Bandarra

Talho encontrado no engenho conceição.
Era usado na produção do açúcar.


Bolas encontradas no engenho Conceição.
Eram colocadas por intermédio de uma
corrente nas pernas dos negros que
desobedeciam a seu senhor, como forma de castigo.


Sede do antigo Engenho Paraúna



Sede do antigo engenho Capivara